sábado, 21 de julho de 2007

Zona Oeste, um vazio sanitário


De Luana Clara
As frentes comunitárias e organizações públicas se reuniram dia 20 de julho, em audiência pública com o secretário estadual de saúde, Sérgio Côrtes, no Bangu Atlético Clube. Compuseram a mesa o deputado federal Carlos Santana, Dr. Cesar Fontes Rodrigues, diretor do Hospital Estadual Albert Schweitzer (HEAS), Jurema Batista, presidente da Fundação da Infância e Adolescência (FIA), Ismael, vice-presidente da Associação de Meio Ambiente da Região de Bangu (Amar-Bangu) e o vereador Rubens Andrade. “É triste vermos a cada esquina uma clínica privada. Fortalecendo a área da saúde poderemos investir este dinheiro na educação de nossos filhos e outras áreas”, expôs Santana.
Marambaia, representante do bairro de Santa Cruz, desabafa sobre o desleixo do poder público em relação a nossa região: - “Hoje, quem é trabalhador gasta todo seu salário em saúde. Ao lado do Hospital Croácia (Sepetiba), uma clínica particular atende por 30 reais a consulta”.
“Nós não temos um mamógrafo na Zona Oeste. Isso é um vazio sanitário”, admite indignado o secretário, que durante o evento anunciou a construção de três das seis Unidades de Pronto Atendimento (UPA) a serem inauguradas até o fim deste ano em todo estado do Rio de Janeiro. “Quem não tem nada, há muito tempo é a Zona Oeste. Está no momento de começarmos a reverter esta situação. Nós recebemos terrenos e até prédios no Centro e na Zona Sul, mas o governador não aceitou”.
O HEAS ficou no centro do debate devido ao mau atendimento e ineficiência. A unidade, emergência de nível 1, uma referência da região vive superlotada e sem equipamento e infraestrutura para seu patamar, fruto do abandonado das autoridades. “Se houver um desastre entre Guadalupe e Angra não temos infraestrutura para socorro. Todos os feridos precisariam ser removidos para o Salgado Filho”, questiona Antônio Pereira do Movimento Pró Escola Técnica de Realengo.
Uma das ações do estado para reverter a imagem negativa será a humanização na triagem dos atendimentos, atualmente realizada pelos seguranças. “Já fizemos este trabalho no Getúlio Vargas e o meu compromisso é depois deste (Albert Schweitzer) ficarmos só na Zona Oeste e depois de treinarmos todos, iremos para outra região”, declarou o secretário, cuja meta é de até o dia 17 de setembro sua chefe de gabinete, Olinda Fabiani Cardoso Gil, ex-coordenadora nacional de humanização em hospitais públicos, junto com Dr. César Fontes Rodrigues ter treinado pessoas da comunidade para realizar este trabalho.
Para a representante da FIA, esta sobrecarga seria minimizada com a implantação de postos 24 horas, que serviriam de apoio na realização de tratamentos. “É pela falta disso que uma grávida que tem um sangramento antes da hora vai parar em uma emergência, o que não deveria acontecer”, explica. Mas, Côrtes acredita que a maior intervenção que o estado pode fazer na região é expandir o atendimento básico, com a ampliação de alcance do Programa Saúde da Família (PSF). Na Zona Oeste, onde residem 1 milhão de pessoas seria necessário a implantação de 333 PSF. Atualmente nossa cidade 120 comunidades tem acesso ao programas, das quais, apenas 20 nos atende.
Quanto a municipalização do HEAS e do Hospital Estadual Rocha Faria o secretário de saúde foi categórico em sua posição: -“Neste momento está fora de cogitação a municipalização do Albert e o Rocha Faria porque não sei se serão prioridade de recuperação da prefeitura”.
O destino do Hospital Estadual Padre Olivério Kramer, fechado há cerca de 25 anos entrou em pauta. Isto porque tramita um projeto de lei na Alerj para transformá-lo em um instituto especializado na saúde da mulher.
Já a dificuldade de locomoção dos deficientes físicos para realizarem seus tratamentos estão com os dias contatos. Côrtes afirmou que o governo estuda a possibilidade de ano que vem implamentar um centro de reabilitação no Hospital Eduardo Rabelo, em Vasconcelos, em parceria com organizações de recuperação de portadores de necessidades especiais.Outro ponto levantado foi o deslocamento de quem não consegue atendimento nas emergências porque os hospitais de pronto-atendimento de nossa área estão com déficit de especialidades o que obriga os adoentados a dirigirem-se para unidades mais distantes. “Nem todo mundo tem dinheiro para pegar um táxi. Deve-se ter uma ambulância para remover o adoentado”, opina o vice-presidente da Amar-Bangu.

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